Preconceitos,
preconceitos e preconceitos cercam todo tipo de música. O funk é de gente
pobre, o rap é violento, o pagode é para alcoólatras. Não estou aqui para
defender esses estilos. Só para lembrar que um dos maiores preconceitos contra
o heavy metal se chama: "satanismo". Mas, na verdade, a imagem do
músico demoníaco não começou com o metal.
Reza a
lenda que, em 1929, o posteriormente famoso guitarrista de blues Robert Leroy
Johnson, 18 anos, tinha um intenso desejo de se tornar guitarrista de blues.
Ele diz que um amigo o aconselhou a levar sua guitarra à meia-noite para a
encruzilhada entre as rodovias MS-61 e MS-49. Então, lá um homem negro e alto
que seria o demônio teria aparecido pego sua guitarra, afinado-a,
tocado algumas músicas e o devolvido. Logo depois, estava famoso. Sobre o
suposto incidente, escreveu seu maior sucesso, "Crossroad". Até hoje,
metaforicamente, certos músicos se "aliam" ao demônio para conseguir
a fama. Se você estiver achando que eu sou satanista ou que acredito nessas
lendas de roqueiros, leia para entender:
Na década
de 1880 e 1890, o jovem AleisterCrowley entrou na sociedade alquímica
"Ordem Hermética da Aurora Dourada". A partir disso, fundou
filosofias, seitas, religiões (por exemplo, a Thelema) e tem como famoso lema
"Faça o que quiseres, tudo é lei". No começo, não surtiu muito efeito
cultural, mas eles levaram um "empurrãozinho de leve" quando apareceu
o diretor de cinema Kenneth Anger. O cara lançou inúmeros filmes com cenas
monstruosas, satânicas e chocantes. Nos anos 1960, surge o roqueiro ocultista.
The
Beatles... Quatro jovens comportados de Liverpool... Errado! Os Beatles
apareceram na capa de "Sgt. Pepper'sLonelyHearts Club Band" com
mantos. Na capa ORIGINAL (depois substituída) de "YesterdayandToday",
apareciam em roupas de açougueiro, segurando (!) bonecas despedaçadas. Isso,
além de se interessarem por religiões asiáticas, uma das incorporadas no
ocultismo. Já os Rolling Stones, hoje em dia quatro idosos calmos (com exceção
de Keith, com certeza), lançaram em 1968 o álbum
"TheirSatanicMajestiesRequest" ("Vossas majestades satânicas
exigem"), com a música "Sympathy for theDevil" ("Simpatia
para o demônio"), que, de acordo com o guitarrista Keith, teve uma
percussão baseada em ritmos brasileiros que ele teria conhecido na Bahia (é
nóis, Brasil!!!). Nessa música, a letra mostrava um homem que se identificava
como "Lúcifer" e dizia ser a causa de tudo de ruim que aconteceu na
história. (!)
Mas, o
envolvimento real no ocultismo só começou com os ingleses do Led Zeppelin, que,
além de trabalharem com Kenneth Anger, ainda tinham para cada um um diferente
símbolo. O vocalista Robert Plant tem uma pena da religião da civilização Mu, o
guitarrista Jimmy Page tem um símbolo alquímico, o baixista John Paul Jones
tinha um símbolo pagão nórdico, e, o baterista John Bonham, a tríade do pai, da
mãe e do filho. O guitarrista Page foi o mais oculto de todos. Ele, além de
entrar em uma rixa com o violonista David Bowie para saber quem era mais satânico,
ainda (pasmem!) comprou a casa de campo de Crowley! Ao mesmo tempo do Led,
havia também o violonista David Bowie, que, quando não estava fazendo coisas
engraçadas fantasiado de ZiggyStardust, estava se envolvendo com magia tibetana
("o lado negro do budismo", segundo o próprio). No começo da década
de 1970, David entrou em uma "briguinha" com Jimmy Page, para saber
(!!!) quem era mais satânico. Na mesma época, essa cena começou no Brasil, em
que o cantor Raul Seixas lançou músicas citando lemas de satanismo
("Sociedade alternativa") e religiões hindus ("Gitah"). Ele
tinha como letrista Paulo Coelho, que, depois da morte de Raulzito, virou
escritor ocultista, filósofo religioso e (!) o autor mais traduzido da
atualidade! (Além de, é claro, ex-hippie)
Nos anos
70, o envolvimento com o satanismo e a blasfêmia se tornam "moeda"
para as novas bandas. Em 1970, em seu primeiro álbum homônimo, a banda Black
Sabbath lança a música N.I.B., em quee tio Ozzy canta em certa parte: "Meu
nome é Lúcifer, por favor, segure minha mão". Quando surge, na metade dos
anos 70, o NWOBHM ("Nova onda do heavy metal britânico"), isso se
reforça. Em 1974, é lançado o primeiro CD do Judas Priest. O próprio nome já
significa "Padre de Judas". Era só o princípio do movimento do NWOBHM.
Mais tarde, em 1979, a banda Iron Maiden (UP THE IRONS!), com músicas
exageradamente satânicas, como The NumberoftheBeast ("O número da
besta"), The Fallen Angel ("O anjo caído") e Sanctuary
("Santuário"). Mesmo assim, era puro visual. Sabemos disso porque,
por exemplo, o baterista NickoMcBrain é um cristão fervoroso, desde que teve
uma experiência reliigiosa em 1999.
Se você
JÁ ESTÁ horrorizado/ofendido com o que eu contei até agora, pare de ler AQUI.
Aqui. Ok, aqui. AQUI! ... Em 1982, a banda Venom lança o álbum Black Metal, e,
junto, o estilo homônimo. O disco trazia um demônio na capa e músicas como:
"ToHelland Back" (Ao inferno e de volta), "BuriedAlive"
(Enterrado vivo) e "Heaven'sonFire" (Paraíso em chamas). Daí partiu
para casos de incêndio de igrejas (Samoth e Faust do Emperor, Varg do Burzum e
Tungsberg do HadesAlmighty), bíblias rasgadas (Nargal de Behemoth),
crucificações encenadas (Atilla do Mayhem e Gorgoroth) e até (!!!) um caso de
assassinato entre dois músicos! (Euronymous do Mayhem por Varg do Burzum).
Com
excessão do assassinato, dá para ver que o satanismo é moeda de troca por
pooularidade. Envolvimentos com ocultismo, neopaganismo e satanismo se tornam
muito populares. O cantor de rock industrial Marilyn Manson já apareceu vestido
de papa em um clipe Recentemente, a cantora pop Lady Gaga lançou o videoclipe
"Alejandro", em que ela usava uma batina de látex, uma roupa de
borracha com um crucifixo invertido na... na... virilha, praticava sexo
sadomasoquista com roupas de convento e comia um rosário. Ok. Agora afirmo com
toda certeza e convicção:
"O
satanismo é pop."
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