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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ocultismo e Heavy Metal



Preconceitos, preconceitos e preconceitos cercam todo tipo de música. O funk é de gente pobre, o rap é violento, o pagode é para alcoólatras. Não estou aqui para defender esses estilos. Só para lembrar que um dos maiores preconceitos contra o heavy metal se chama: "satanismo". Mas, na verdade, a imagem do músico demoníaco não começou com o metal.

Reza a lenda que, em 1929, o posteriormente famoso guitarrista de blues Robert Leroy Johnson, 18 anos, tinha um intenso desejo de se tornar guitarrista de blues. Ele diz que um amigo o aconselhou a levar sua guitarra à meia-noite para a encruzilhada entre as rodovias MS-61 e MS-49. Então, lá um homem negro e alto que seria o demônio teria aparecido pego sua guitarra, afinado-a, tocado algumas músicas e o devolvido. Logo depois, estava famoso. Sobre o suposto incidente, escreveu seu maior sucesso, "Crossroad". Até hoje, metaforicamente, certos músicos se "aliam" ao demônio para conseguir a fama. Se você estiver achando que eu sou satanista ou que acredito nessas lendas de roqueiros, leia para entender:

Na década de 1880 e 1890, o jovem AleisterCrowley entrou na sociedade alquímica "Ordem Hermética da Aurora Dourada". A partir disso, fundou filosofias, seitas, religiões (por exemplo, a Thelema) e tem como famoso lema "Faça o que quiseres, tudo é lei". No começo, não surtiu muito efeito cultural, mas eles levaram um "empurrãozinho de leve" quando apareceu o diretor de cinema Kenneth Anger. O cara lançou inúmeros filmes com cenas monstruosas, satânicas e chocantes. Nos anos 1960, surge o roqueiro ocultista.

The Beatles... Quatro jovens comportados de Liverpool... Errado! Os Beatles apareceram na capa de "Sgt. Pepper'sLonelyHearts Club Band" com mantos. Na capa ORIGINAL (depois substituída) de "YesterdayandToday", apareciam em roupas de açougueiro, segurando (!) bonecas despedaçadas. Isso, além de se interessarem por religiões asiáticas, uma das incorporadas no ocultismo. Já os Rolling Stones, hoje em dia quatro idosos calmos (com exceção de Keith, com certeza), lançaram em 1968 o álbum "TheirSatanicMajestiesRequest" ("Vossas majestades satânicas exigem"), com a música "Sympathy for theDevil" ("Simpatia para o demônio"), que, de acordo com o guitarrista Keith, teve uma percussão baseada em ritmos brasileiros que ele teria conhecido na Bahia (é nóis, Brasil!!!). Nessa música, a letra mostrava um homem que se identificava como "Lúcifer" e dizia ser a causa de tudo de ruim que aconteceu na história. (!)

Mas, o envolvimento real no ocultismo só começou com os ingleses do Led Zeppelin, que, além de trabalharem com Kenneth Anger, ainda tinham para cada um um diferente símbolo. O vocalista Robert Plant tem uma pena da religião da civilização Mu, o guitarrista Jimmy Page tem um símbolo alquímico, o baixista John Paul Jones tinha um símbolo pagão nórdico, e, o baterista John Bonham, a tríade do pai, da mãe e do filho. O guitarrista Page foi o mais oculto de todos. Ele, além de entrar em uma rixa com o violonista David Bowie para saber quem era mais satânico, ainda (pasmem!) comprou a casa de campo de Crowley! Ao mesmo tempo do Led, havia também o violonista David Bowie, que, quando não estava fazendo coisas engraçadas fantasiado de ZiggyStardust, estava se envolvendo com magia tibetana ("o lado negro do budismo", segundo o próprio). No começo da década de 1970, David entrou em uma "briguinha" com Jimmy Page, para saber (!!!) quem era mais satânico. Na mesma época, essa cena começou no Brasil, em que o cantor Raul Seixas lançou músicas citando lemas de satanismo ("Sociedade alternativa") e religiões hindus ("Gitah"). Ele tinha como letrista Paulo Coelho, que, depois da morte de Raulzito, virou escritor ocultista, filósofo religioso e (!) o autor mais traduzido da atualidade! (Além de, é claro, ex-hippie)

Nos anos 70, o envolvimento com o satanismo e a blasfêmia se tornam "moeda" para as novas bandas. Em 1970, em seu primeiro álbum homônimo, a banda Black Sabbath lança a música N.I.B., em quee tio Ozzy canta em certa parte: "Meu nome é Lúcifer, por favor, segure minha mão". Quando surge, na metade dos anos 70, o NWOBHM ("Nova onda do heavy metal britânico"), isso se reforça. Em 1974, é lançado o primeiro CD do Judas Priest. O próprio nome já significa "Padre de Judas". Era só o princípio do movimento do NWOBHM. Mais tarde, em 1979, a banda Iron Maiden (UP THE IRONS!), com músicas exageradamente satânicas, como The NumberoftheBeast ("O número da besta"), The Fallen Angel ("O anjo caído") e Sanctuary ("Santuário"). Mesmo assim, era puro visual. Sabemos disso porque, por exemplo, o baterista NickoMcBrain é um cristão fervoroso, desde que teve uma experiência reliigiosa em 1999.

Se você JÁ ESTÁ horrorizado/ofendido com o que eu contei até agora, pare de ler AQUI. Aqui. Ok, aqui. AQUI! ... Em 1982, a banda Venom lança o álbum Black Metal, e, junto, o estilo homônimo. O disco trazia um demônio na capa e músicas como: "ToHelland Back" (Ao inferno e de volta), "BuriedAlive" (Enterrado vivo) e "Heaven'sonFire" (Paraíso em chamas). Daí partiu para casos de incêndio de igrejas (Samoth e Faust do Emperor, Varg do Burzum e Tungsberg do HadesAlmighty), bíblias rasgadas (Nargal de Behemoth), crucificações encenadas (Atilla do Mayhem e Gorgoroth) e até (!!!) um caso de assassinato entre dois músicos! (Euronymous do Mayhem por Varg do Burzum).

Com excessão do assassinato, dá para ver que o satanismo é moeda de troca por pooularidade. Envolvimentos com ocultismo, neopaganismo e satanismo se tornam muito populares. O cantor de rock industrial Marilyn Manson já apareceu vestido de papa em um clipe Recentemente, a cantora pop Lady Gaga lançou o videoclipe "Alejandro", em que ela usava uma batina de látex, uma roupa de borracha com um crucifixo invertido na... na... virilha, praticava sexo sadomasoquista com roupas de convento e comia um rosário. Ok. Agora afirmo com toda certeza e convicção:

"O satanismo é pop."

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